
Antes de iniciarmos nossa temática aprofundando-se na Terra Média e na filosofia propriamente dita de Tolkien, precisamos elucidar, mas não esgotar, o assunto pilar deste projeto.
Mas o que é Filosofia?
A palavra Filosofia vem do grego (Φιλοσοφία, philosophia) e é a união de duas palavras distintas: Philo – “amizade, amor, afeição” e Sophia – “sabedoria”. Portanto, a filosofia significa o respeito, amor e apreço pelo saber, e o filósofo seria aquele que deseja e tem amizade pelo saber.
Não se sabe bem ao certo o momento em que a filosofia teve seu início. A origem do pensamento filosófico passa por um leque de possibilidades para o seu surgimento. Mas é seguro afirmar, com estudos sobre a história da filosofia, que a partir do século VII surgiram, na Grécia, homens que observaram o mundo à sua volta com inéditos questionamentos.

A tradição atribui ao filósofo Pitágoras de Samos (c. 570-495 a.C.) a criação da palavra. Conforme essa tradição, Pitágoras teria criado o termo para modestamente ressaltar que a sabedoria plena e perfeita seria atributo apenas dos deuses; os homens, no entanto, poderiam venerá-la e amá-la na qualidade de filósofos. Estamos sempre em busca da verdade, onde quer que ela se encontre.
A humildade é condição essencial para aquele que busca a filosofia. É um vislumbre diante do desconhecido, uma alegria na potencialidade de conhecer e um prazer ao se conectar com o justo, o belo e o bom.
No livro Caminhos da Filosofia, da editora Intersaberes, página 21, Rosane Almeida da Silva revela que:
“Pitágoras ficou mais tarde conhecido como um pré-socrático, pois foi um filósofo que viveu antes de Sócrates. Nesse ponto encontra-se o início da filosofia no Ocidente. Porém, há registros da filosofia, ou pelo menos da utilização da palavra, também no Oriente. Todavia, tornando-se com o tempo um estilo de vida. Pode-se encontrar ilustrações de Buda na Índia e de Lao-Tsé na China que coincidem com a época na qual o mundo ocidental conheceu Sócrates.”
É importante destacarmos que o limiar da Filosofia foi influenciado por transformações políticas, culturais, sociais e econômicas ocorridas na Grécia a partir do século VIII. Tais mudanças caracterizaram, na história da filosofia, a passagem do mythos ao lógos.
O Papel do Filósofo no Mundo
O estudante de licenciatura em Filosofia pesquisa a realidade, o conhecimento, a moral e a existência, atribuindo significados aos fatores existentes. Ele se debruça sobre o mundo de forma reflexiva, com hipóteses que contribuem para a educação, política, ética e outras áreas.
Ela lida com questões essenciais sobre a natureza da realidade (metafísica), conhecimento, verdade e ciência (epistemologia), linguagem e significado (filosofia da linguagem), mente e pensamento (filosofia da mente), normas e valores éticos (filosofia moral), organização social (filosofia política) e, em geral, seres humanos e sua cultura (antropologia filosófica).
A Filosofia, bem como todo conhecimento humano, muda ao longo da história. Ela se expande e se contrai em seu próprio construir.
O homem, segundo Hegel, é uma contínua passagem, um contínuo vir a ser; sempre como filho de seu tempo, do que o precedeu e do que está por vir como resultado de sua própria atividade.

E nesse mar de mudanças, tentamos compreender aquilo que permanece. (Engelmann; Trevisan, 2016, pág. 50), “Assim, a ação docente em Filosofia fornece dados de uma realidade que está em constante movimento, razão pela qual a práxis educativa se torna essencial à construção e orientação do pensamento filosófico.”
Em sua atividade, o profissional investiga questões abstratas e busca compreender as bases do pensamento humano, desenvolvendo teorias e argumentações. Seus pensamentos podem ser descritos em pesquisas, artigos e livros, que agrupam teorias sobre a lógica do pensamento e os princípios da moralidade.
Em um mundo cada vez mais interconectado e globalizado, a capacidade de analisar e compreender questões éticas, políticas e culturais é crucial para o desenvolvimento sustentável e a construção de uma sociedade justa. Quantas vezes falhamos como humanidade com nossos pares?
O filósofo também analisa obras e o pensamento de grandes autores e correntes da Filosofia, refletindo sobre as suas interpretações. Ao investigar os alicerces do pensamento, o profissional teoriza sobre conceitos abstratos, incluindo o tempo, o espaço, a verdade, o amor e Deus.
Seus conhecimentos são propagados por meio de atividades ligadas à docência e palestras. O profissional pode atuar como professor e pesquisador em universidades, estimulando o pensamento e a leitura.
Os Caminhos da Filosofia
A crescente demanda por especialistas em Filosofia se deve à necessidade de pensamento crítico e raciocínio lógico na sociedade. Extremamente necessário, eu diria. Em um ambiente onde a informação é acessível online, é mais importante do que nunca ter as habilidades para analisar e avaliar informações com precisão e rigor. Na sociedade da supervalorização da inteligência artificial, precisamos resgatar com austeridade e sensibilidade os valores da inteligência humana.

Em diálogo com as grandes vozes da tradição filosófica ocidental, os estudantes de filosofia aprendem a analisar e avaliar argumentos, a entender diferentes doutrinas e a desenvolver suas próprias perspectivas e opiniões. O mundo é bem maior que o nosso quintal!
Além das habilidades acadêmicas, os estudos em Filosofia também podem promover o desenvolvimento pessoal, incentivar o pensamento reflexivo e crítico e melhorar as habilidades de comunicação e resolução de problemas. Em um mundo de guerras e constantes conflitos, precisamos de pacificadores. Você não concorda que precisamos de mais filosofia no mundo?
Dito isso, eis o papel fundamental do Filósofo no século XXI.
A Filosofia de Tolkien
E é aqui que a coisa fica mais divertida, profunda e extraordinária. Buscar pela Filosofia, no Legendário de Tolkien, é deveras acolhedor. Este projeto tem como objetivo mergulhar na obra do Hobbit. Não sozinho, claro, mas apoiado sobre o ombro de gigantes que se debruçaram sobre a obra para extrair o melhor do pensamento ocidental e oriental para nós. Estou falando da obra “O Hobbit e a Filosofia”, escrita por William Irwin, Gregory Bassham e Eric Bronson.
A filosofia de J.R.R. Tolkien não é explicitamente apresentada em tratados filosóficos, mas está profundamente imbricada em suas obras de ficção, especialmente em “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, bem como em seus ensaios e cartas.
O “Legendário” de Tolkien é o nome dado ao vasto e complexo corpo de escritos mitológicos, históricos, linguísticos e ficcionais criado por J.R.R. Tolkien. Ele serve como a história de fundo para suas obras mais famosas, como “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, mas é com o senhor Bilbo Bolseiro que vamos ter essa aventura épica e filosófica.

Já vimos o significado da palavra Filosofia e será com a jornada de Bilbo que aprenderemos outros significados. O Hobbit conta a história de um grupo de 13 anões, um amigo e um Hobbit, formando um grupo para recuperar o tesouro roubado por um dragão e a terra de origem dos anões. Sendo um hobbit, povo conhecido por ser preguiçoso, avesso a aventuras e dotado de um profundo amor pela comida, pela bebida e pelo conforto, Bilbo Bolseiro é o integrante mais inusitado dessa comitiva. Porém, desde a saída do condado até o confronto com Smaug, Bilbo cresce em determinação, autoestima e coragem. Afinal, o que aconteceu nesse ínterim para o hobbit mudar tanto?

Ao analisarmos o prelúdio de O Senhor dos Anéis, vamos esclarecer as atitudes morais e questões éticas com que se deparam os personagens do primeiro grande sucesso de ficção de J. R. R. Tolkien. Com a ajuda de nomes como Platão, Nietzsche, Santo Agostinho e até mesmo Buda, percorreremos a Terra Média e descobriremos por que devemos viver mais como os hobbits ou por que a possessividade em relação a um objeto (como um anel mágico, por exemplo) pode ser tão destrutiva.
Este blog vai te ajudar a caminhar por estas e outras questões de forma segura, simples e apaixonante, encontrando respostas para nossa vida real. Mais importante que isso, ensinará a fazer as perguntas corretas. Afinal de contas, o que vale a pena na vida?
Quer saber mais? Acesso o artigo: O Mitos de Tolkien


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