Este é um daqueles textos que me pegaram de surpresa. Eu simplesmente saí de uma aula de Lógica e me perguntei: É possível, pela lógica, descobrir se existe filosofia em Tolkien? Vamos localizar juntos…
A lógica na filosofia é um campo de estudo fundamental que se dedica à investigação dos princípios e métodos do raciocínio correto. Ela busca entender como podemos distinguir argumentos válidos de argumentos inválidos, e como construir pensamentos coerentes e consistentes.
O que é Lógica na Filosofia?

A palavra “lógica” vem do grego “logos”, que pode significar “razão”, “palavra”, “discurso” ou “pensamento”. Na filosofia, a lógica é vista como uma ferramenta essencial para o pensamento claro e a argumentação eficaz. É uma disciplina que se preocupa com a estrutura formal dos enunciados (proposições) e as regras que governam as inferências, ou seja, como chegamos a conclusões a partir de premissas.
Não é apenas sobre “ter lógica” no sentido comum de “fazer sentido”, mas sim sobre a análise sistemática das formas de pensamento para garantir sua validade e coerência.
Razão, Dedução e Regras

“Razão” é um termo onipresente e de longa data na filosofia; ambíguo e
polissêmico. Sua acepção mais comum é a faculdade que se supõe tipicamente humana de argumentar; ou seja, sacar conclusões de pressupostos ou conclusões previamente obtidas, tudo devidamente expresso linguisticamente.
Mas há argumentos bons e há os maus. Os bons são aqueles que, a partir de pressupostos verdadeiros, nos dão conclusões necessariamente verdadeiras ou, pelo menos, provavelmente verdadeiras. Aqueles são os argumentos dedutivos; estes, os indutivos. São maus os argumentos cuja veracidade das conclusões não está garantida, nem com necessidade nem com probabilidade.
Argumentos dedutivos são aqueles em que a transmissão da verdade (dos pressupostos às conclusões) está garantida.

Por exemplo, a inferência do particular a partir do geral. Os argumentos indutivos ocorrem quando só está garantida a transmissão da falsidade (ou retrotransmissão da verdade, da conclusão aos pressupostos). Por exemplo, a conclusão do geral a partir do particular.
O raciocínio – e, consequentemente, a capacidade de agir com razão (o
exercício da racionalidade) – estão ligados ao conceito de dedução. A dedução é um tipo de padrão lógico que opera entre premissas e conclusão. Esse padrão lógico é formado por regras que muitas vezes chamamos de regras dedutivas.
São essas regras que garantem a manutenção da verdade das premissas para a conclusão. Uma vez que compreendemos que a lógica é um importante componente no exercício humano da racionalidade, fica fácil perceber o quão importante ela é para a fala, a linguagem e a racionalidade.
Faça uma leitura do artigo “O que é a lógica” do blog De Rerum Natura e reflita sobre essa variedade de percepções em relação a um tema.
Mas o que é um argumento?
Vimos no tema anterior que as relações lógicas se dão entre premissas, mas o que são exatamente premissas? São elas parte de um argumento? Qual é a relação entre premissas e conclusão?
O foco da lógica recai sobre argumentos. Um argumento nada mais é do que um conjunto de proposições separado entre premissas e conclusão.
Vamos testar a lógica filosófica em Tolkien?

Será que é possível extrair a filosofia das obras de Tolkien? Vamos analisar a estrutura:
- A filosofia contém a literatura. (Premissa 1)
- A literatura contém Tolkien. (Premissa 2)
- A filosofia contém Tolkien. (Conclusão)
Essa sequência de sentenças está logicamente correta e é um exemplo de um argumento válido no campo da lógica formal, especificamente um silogismo.
Esta é uma forma de inferência lógica conhecida como propriedade transitiva (ou, em termos de conjuntos, a relação de inclusão). Se um conjunto A contém um conjunto B, e o conjunto B contém um elemento C (ou um conjunto C), então o conjunto A também contém o elemento C (ou o conjunto C).
- A = Filosofia
- B = Literatura
- C = Tolkien (neste contexto, Tolkien é um elemento dentro da categoria “Literatura”)
Se A ⊃ B e B ⊃ C, então A ⊃ C.

Este é um dos exemplos mais clássicos de um argumento válido. Como
Vimos na definição de argumento – um conjunto de proposições divididas entre premissas e conclusão – temos em A e B as premissas do argumento e em C a conclusão. O caráter mais claro desse argumento é a relação entre as premissas e a conclusão, ou seja, a conclusão se segue das premissas.
É importante notar que a correção lógica não garante a veracidade das premissas no mundo real.
- A premissa “A filosofia contém a literatura” pode ser debatida. Embora a filosofia frequentemente use a literatura como fonte de reflexão ou aborde temas literários, e a literatura possa ter profundas implicações filosóficas, dizer que a filosofia “contém” a literatura no sentido de englobá-la completamente é uma afirmação forte e talvez simplificada. Seria mais preciso dizer que há uma intersecção significativa entre elas.
- A premissa “A literatura contém Tolkien” é amplamente aceita, já que J.R.R. Tolkien é um autor literário proeminente.
No entanto, assumindo que as duas primeiras premissas são verdadeiras, a conclusão “A filosofia contém Tolkien” é inevitavelmente verdadeira do ponto de vista lógico.
Se Tolkien está na literatura e a literatura está na filosofia (ou é contida por ela), então Tolkien deve estar na filosofia.
Portanto, sim, a sequência está correta do ponto de vista da validade lógica.
Agora que temos um processo lógico, com bons argumentos, podemos dar sequência à longa caminhada de descobertas da filosofia. Ela permeia o legendário de Tolkien e floresce no subtexto que pesquisamos. Será uma grande aventura conhecer a humanidade pelos olhos de Tolkien, da literatura e da filosofia. Tem Filosofia em Tolkien? É lógico que sim!
Quer saber mais? Leia o Artigo: A Filosofia de Tolkien

Apêndice:
- DOS SANTOS, E. Lógica para Pedestres. Editora Intersaberes. Ano 2016.
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