Olá meus caros, Milani aqui! Este humilde estudante de filosofia vai trabalhar os três tópicos abaixo e, pela complexidade do tema, esse texto estará em constante revisão. Os tópicos abaixo estarão diluídos em vários títulos dentro deste artigo e fazem parte do projeto “O Hobbit e a Filosofia“. Que Eru me ajude (Na falta dele, o professor de Filosofia).

  • O que é Mito
  • A Fabulação Humana
  • A Mitologia de Tolkien – O Legendário

Algumas considerações iniciais sobre a pesquisa deste texto

  • Não sou especialista em Filosofia, sou um estudante de Filosofia
  • Não sou especialista em Tolkien, sou estudante de Tolkien
  • Sou especialista mesmo em ser um ser humano curioso e investigativo. (Erros e acertos neste texto fazem parte da jornada de conhecimento)

1. O que são os Mitos?

Os mitos são narrativas tradicionais que geralmente envolvem seres sobrenaturais, como deuses, heróis e criaturas fantásticas, e que buscam explicar a origem do mundo, dos fenômenos naturais, dos costumes e das instituições sociais de um determinado povo. Eles carregam significados simbólicos e muitas vezes servem para transmitir valores culturais, morais e religiosos.

“O amor de Páris e Helena”, de Jacques-Louis David, 1788

A palavra Mito ou Mýthos (μύθος), tem origem grega e significa “narrativa”, “fábula” ou “lenda”. Os mitos podem explicar fenômenos naturais, sociais, a origem do mundo e da vida, e os valores de uma cultura. “Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua Paideia (educação).”

Se analisarmos a obra de Aristóteles, A Poética, podemos distinguir três significados para o mito: 1) Uma forma atenuada de intelectualidade. 2) Uma forma independente de pensamento ou de vida e 3) Como um instrumento de controle social. A partir daqui, temos um vislumbre seguro da importância dos mitos para a sociedade humana. Vamos dar sequência ao nosso conhecimento.

O Monomito

Precisamos abrir um parênteses literário neste momento. Uma excelente obra que vai nos ajudar a aprofundar o conceito do mitos ao longo da jornada humana é a obra “O Herói de Mil Faces” de Joseph Campbell que explora o monomito, ou a jornada do herói, comum em muitas culturas. Este conceito descreve um padrão narrativo encontrado em mitos e histórias ao redor do mundo. (Iniciei a leitura dele e é a minha primeira dica literária aqui no post).

O Herói de Mil Faces” de Joseph Campbell

A “jornada do herói” é essencialmente a aplicação prática e mais detalhada do monomito. Enquanto o monomito é a estrutura fundamental identificada por Campbell, a “jornada do herói” descreve os estágios específicos pelos quais o herói tipicamente passa dentro dessa estrutura. Veremos esta estrutura narrativa principalmente em personagens de Tolkien como Bilbo em o Hobbit e Sam e Frodo em O Senhor dos Aneis. Tanto a Ilíada quanto a Odisseia, contêm elementos da jornada do herói, embora de maneiras diferentes e com focos distintos.

2. A Fabulação Humana

A fabulação é a capacidade de imaginar, inventar e contar histórias, seja com base em experiências pessoais, em eventos do mundo real ou em pura imaginação. É um processo que envolve a combinação de memória, imaginação e criação. 

A fabulação humana refere-se à capacidade e prática de criar e narrar histórias, tanto no âmbito da literatura e das artes, como na vida cotidiana, por meio da criação de contos, lendas, mitos e outros tipos de narrativas. É uma função essencial da mente humana que permite explorar a imaginação, a criatividade e a capacidade de construir significados por meio de histórias.


A fabulação é fundamental para a formação da identidade, a transmissão de conhecimento e valores culturais, e a construção de um sentido para a vida. Através da narrativa, podemos explorar as complexidades da experiência humana, refletir sobre o mundo e criar novos significados. 

Um dos meus prazeres mais extraodinários é a escrita criativa. Foi com ela que descobri que a escrita é a nossa forma mais refinada forma de pensamento. A caneta e o papel são o ato mais democrático que existe. Tudo ela aceita. Nossos medos, nossa coragem, nossos anseios, desejos e… toda nossa fabulação.

É aqui que o fluxo do pensamento deixa emanar sua magnífica exploração da capacidade mental. Poder fabular! Eu fiz um incrível curso gratuito de escrita criativa com a PUC (Pontifícia Universaidade Católica) e estou tentando colocar as suas técnicas aqui no blog.

Nem mesmo a fé cristã, filosofia religiosa mais conhecida no ocidente e que crê na verdade absoluta sobre Deus e a realidade, foge da natureza humana da fabulação, pois a fé é a certeza das coisas que não se veem. Hebreus 11:1. Como é possível ver algo que não existe? Eis aqui o processo significativo da fabulação para a compreensão do todo.

Afresco da Capela Sistina, no Vaticano, pintado por Michelangelo Buonarrotti 
(1475 – 1564)

Uma das coisas mais significativas sobre a fé Cristã é que ela esta fundamentada por uma biblioteca, um conjunto de 66 livros escritos em hebraico, aramaico e grego chamado de Bíblia. Todos aqueles que querem se aproximar de Deus devem se debruçar sobre leitura, escrita e interpretação das Escrituras Sagradas, dadas ao homem ao longo do tempo. Essa conversação entre o sagrado e o homem só pode ser realizado sobre o aspecto da linguagem e da fabulação. Investigar o passado bíblico exige uma profunda utilização de reaciocínio e imaginação, e assim, com todos os textos antigos da humanidade. E porque eudigo Fabular? Porque reviver as parábolas de Cristo, ou as narrativas do antigo testamento, exige exercício ficcional da mente humana.

A ação de fabular faz parte da natureza humana e convive conosco maravilhosamente na infância. A entrega a esses momentos de fantasia, que são também momentos de criação, de exercício da imaginação, é mais profunda, pela facilidade que a criança tem de entrar no jogo de imaginar, de inventar. A arte de fabular é saudável e essencial ao desenvolvimento humano. Deve ser estimulada para a criação de homens mais próximos da equidade e grandeza humana pois os educa para a capacidade de reconhecer simbolismos.

Importância da Fabulação Humana:

  • Expansão da Consciência: A fabulação permite aos seres humanos ir além do conhecimento sensível e construir modelos mentais que os ajudam a entender o mundo, suas origens e seu lugar nele. 
  • Fonte de Sabedoria e Identidade: Os mitos, como forma de fabulação, transmitem valores culturais, ensinamentos e crenças que moldam a identidade e a compreensão de um grupo humano. 
  • Herança e Transmissão Cultural: As histórias, contos e fábulas transmitidas de geração em geração são importantes para a preservação da memória cultural e da sabedoria ancestral. 
  • Início da Reflexão Filosófica: A busca por explicações mais racionais e sistemáticas, que levou à filosofia, começou com a análise e a transformação das narrativas míticas, que contêm elementos fabulados. 
  • Ferramenta para a Persuasão: A fabulação, especialmente na forma de parábolas e alegorias, pode ser utilizada para transmitir mensagens e valores de forma mais acessível e impactante. 

3. A Mitologia de Tolkien

Depois de nosso passeio pelo conhecimento dos Mitos e a indescritível habilidade da fabulação humana, podemos mergulhar na mitologia de Tolkien com segurança (mas cuidado com as aranhas gigantes).

A beleza da mitologia de Tolkien reside na sua profunda consistência interna, na criação de um universo ficcional rico e detalhado, e no seu profundo significado filosófico e religioso, que vai além de um simples conto de fadas.

A mitologia de Tolkien é um sistema completo de crenças, histórias e personagens que, embora fictícios, são tratados com a mesma seriedade e atenção à consistência que a própria história e religião do mundo real.

O Legendário de Tolkien

Algumas das Obras do Legendário

E cá estamos nós no Legendário de Tolkien. Traduzido do português como legendário, legendarium vem do latim e refere-se a um conjunto literário de lendas relacionadas. Tolkien usava o termo em suas cartas referindo-se à sua produção literária pertencente a uma mesma mitologia.

O legendáro é a vasta mitologia que Tolkien criou, abrangendo a história, os mitos, as lendas, as línguas e os personagens do mundo de Arda (e especialmente a Terra-média).

O Legendário é uma coleção de obras literárias e materiais que incluem romances como “O Hobbit” (Saiba mais sobre o Hobbit e a Filosofia aqui), “O Senhor dos Anéis”, “O Silmarillion”, e outras obras que compõem o universo ficcional de Tolkien.

O conhecimento sobre a mitologia criada por Tolkien é tão vasto que é impossível, em um único artigo, abranger toda a sua profundidade. (Seria necessário um monge élfico enclausurado no mosteiro para tentar descrever toda sua potencialidade), mas vamos em rascunhos gerais, dar um pequeno passo em direção ao esclarecimento sobre a mitologia e a filosofia que permeia o mundo de Tolkien.

A Terra-Média

A Terra-média é o nome dado por J.R.R. Tolkien ao continente fictício onde se passam a maioria das suas histórias de fantasia, como “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”.

O termo “Terra-média” é uma tradução literal do termo anglo-saxão “Middangeard”, que se refere ao mundo habitado pelos humanos na mitologia nórdica. Tolkien, que era um filólogo, utilizou essa conexão para dar um ar de antiguidade mítica ao seu mundo.

Em termos da cosmologia de Tolkien, a Terra-média é parte de Arda, o mundo criado por Ilúvatar (o Ser Supremo). Originalmente, Arda era plana, mas após a queda de Númenor na Segunda Era, ela foi transformada em um globo. A Terra-média é o principal palco das histórias, lar de diversas raças como elfos, homens, anões, hobbits, orcs e outras criaturas.

Detalhes da Terra-Média:

  • Origem: A Terra-Média é uma tradução do termo anglo-saxão “middangeard”, que se refere ao mundo dos humanos. Tolkien também usou o termo “Endor” em quenya e sindarin para a mesma ideia. 
  • Localização: A Terra-Média é um grande continente central em Arda, o mundo de Tolkien. Está separada por mares de outros continentes, como Aman a oeste e a Terra do Sol a leste. 
  • Geografia: A Terra-Média é um mundo vasto e variado, com montanhas, florestas, rios, e outros elementos naturais que são cruciais para a história. 
  • Povos: A Terra-Média é o lar de diversos povos, incluindo hobbits, elfos, anões, humanos, orcs, e outros seres fantásticos. 
  • História: A Terra-Média possui uma história rica e complexa, que abrange várias eras e conflitos, incluindo a Guerra do Anel. 
  • Línguas:As línguas faladas na Terra-Média, como quenya, sindarin, e outras, foram criadas por Tolkien para dar mais profundidade ao seu mundo. 

Abaixo você vai ver no vídeos uma resenha do Atlas da Terra-Média pelo nosso amigo Cezar da Tolkien Talk:

A Filosofia na Mitologia

Embora não tivesse formação acadêmica formal em Filosofia ou Teologia, Tolkien era um erudito interessado na Antiguidade e no Medievo, pesquisador universitário cujos objetos de pesquisa frequentemente continham elementos que se relacionavam com essas áreas e, além disso, tinha cursado Clássicos no Exeter College da Universidade de Oxford entre 1911 e 1913, período no qual estudou autores da tragédia grega e os diálogos de Platão

A mitologia de Tolkien compreende uma bagagem de histórias densas e abundantes: mitos, épicos, linguagens (com seus próprios alfabetos) e incontáveis personagens que vivem em um universo ficcional chamado de Terra-Média. O genial escritor britânico foi capaz de criar um dos universos ficcionais mais extensos e consistentes da história da literatura. Não à toa, Tolkien é reconhecido mundialmente como Pai da Literatura fantástica moderna.

Como já disse antes, por causa da complexidade do assunto e do vasto conhecimento que precisa ser argutamente desprendido, vamos aos poucos tecendo o conhecimento aqui neste blog, mas já descobrimos coisas incríveis como:

  1. No Legendário de Tolkien está disseminada a filosofia.
  2. A filosofia de Tolkien permeia conceitos filosóficos do mais alto conceito ético e das humanidades.

A filosofia se difere da mitologia pois ela é uma busca pelo saber mais profundo e concreto. A epistemologia, que deriva do grego “episteme” (conhecimento) e “logos” (estudo), é o ramo da filosofia que investiga a natureza do conhecimento, suas origens, limites e validade. Ela busca compreender como o conhecimento é adquirido, como é justificado e como se pode determinar se ele é verdadeiro ou não. 

Ao caminhar pelo Legendário de Tolkien vamos ver um espelho da humanidade. (Sim! A ética e a moral humana estão implicitas nos elfos, anões, orcs, Dragões, magos, etc…) E é por causa da atemporalidade das obras de Tolkien (saiba mais no artigo: Compreendendo Leitura e Produção de Textos Filosóficos), que podemos encontrar uma epistemologia, uma filosofia que integra a grandeza de suas obras e a aplicabilidade de seus diálogos, do mundo ficcional, para o real.

Os diálogos textuais éticos, morais, sociais, individuais, ecológicos, e de uma arcabouçou de inúmeros outros diálogos de subtexto, traz brilhantimos em sua rica mitologia da Terra-Média, que pode sim ser considerada um mito moderno, logo, uma fonte de exploração e de conhecimento humano.

O Silmarillion: O Início de Tudo – Uma Cosmogonia Fantástica

“O Silmarillion” é mais do que um livro; é a gênese de um universo. Subintitulado “O Início de Tudo”, ele mergulha nas profundezas da cosmogonia da Terra-média, muito antes dos eventos narrados em “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”. Através de uma prosa épica e com nuances quase bíblicas, J.R.R. Tolkien nos apresenta a criação de Eä (o mundo), a vinda dos Valar (os poderes angélicos), o despertar dos Elfos e dos Homens, e os conflitos primordiais que moldaram a história da Terra-média.

O livro se inicia com o Ainulindalë, o Grande Canto dos Ainur perante Ilúvatar (o Ser Supremo), a partir do qual o mundo é concebido. Essa criação musical estabelece os temas que ressoarão ao longo da história: a beleza da criação, a discórdia introduzida por Melkor (o primeiro Senhor do Escuro), e a luta constante entre a ordem e o caos.

Em seguida, acompanhamos a descida dos Valar a Arda (a Terra) para moldá-la e prepará-la para os Filhos de Ilúvatar: os Elfos e os Homens. Vemos a ascensão de Melkor como uma sombra crescente, desafiando a obra dos Valar e semeando a destruição.

A narrativa então se volta para os Dias Antigos, focando principalmente na história dos Elfos, os Primogênitos. Conhecemos a beleza e a tragédia de sua jornada, desde seu despertar em Cuiviénen até as grandes migrações para Valinor (a Terra Imortal) e o retorno à Terra-média em busca das Silmarils, as três joias luminosas criadas por Fëanor, que continham a pura luz das Duas Árvores de Valinor e foram cobiçadas por Melkor (agora Morgoth).

“O Silmarillion” é uma tapeçaria rica em mitos, lendas, linhagens e batalhas épicas. Ele explora temas como a criação, o livre arbítrio, a queda, a redenção e a inevitabilidade da mudança. Embora sua leitura possa ser desafiadora devido à sua complexidade e à profusão de nomes e lugares, a recompensa é uma compreensão profunda e abrangente do universo ficcional mais detalhado e influente da literatura fantástica.

Em essência, “O Silmarillion: O Início de Tudo” nos oferece a fundação sobre a qual toda a Terra-média foi construída. É a história das eras esquecidas, dos heróis e vilões primordiais, e dos eventos cataclísmicos que ecoariam por milênios, preparando o cenário para as aventuras que conhecemos em outras obras de Tolkien. É um mergulho nas raízes da mitologia de um mundo que continua a fascinar e inspirar leitores ao redor do mundo.

Valar, Maiar e a Luta entre o Bem e o Mal na Mitologia de Tolkien

Na mitologia criada por J.R.R. Tolkien, os Valar e os Maiar são seres angelicais que desempenham papéis cruciais na história de Arda (a Terra). Eles estão intrinsecamente ligados à luta cósmica entre o bem e o mal.

Valar

  • Os Valar são os “Poderes” ou “Deuses” principais que moldaram e governam o mundo.
  • Eles foram os primeiros Ainur (seres espirituais) a entrar em Eä (o Universo) após a sua criação por Ilúvatar (o Deus Supremo).
  • Cada Vala possui domínio sobre aspectos específicos do mundo. Por exemplo, Manwë é o rei dos Valar e senhor dos céus, enquanto Aulë é o ferreiro e artesão.
  • Os principais Valar são: Manwë, Varda, Ulmo, Yavanna, Aulë, Mandos, Nienna, Oromë e Tulkas.

Maiar

  • Os Maiar são seres espirituais de ordem inferior em relação aos Valar, atuando como seus auxiliares e seguidores.
  • Assim como os Valar, eles também são Ainur.
  • Existem muitos Maiar, e alguns são personagens bem conhecidos, como:
    • Gandalf, Saruman e Radagast: Eram Maiar enviados à Terra-média como emissários dos Valar para ajudar na luta contra Sauron.
    • Sauron: Originalmente um Maia de Aulë, ele se corrompeu e se tornou o principal servo do mal.
    • Os Balrogs: Eram Maiar que se juntaram a Melkor e se transformaram em demônios de fogo e sombra.

A Luta entre o Bem e o Mal

A luta entre o bem e o mal é um tema central em toda a obra de Tolkien, começando com a rebelião de Melkor (mais tarde Morgoth) contra Ilúvatar durante a criação do mundo.

  • Melkor/Morgoth: O primeiro e mais poderoso dos Valar a se desviar do caminho do bem, tornando-se a personificação do mal. Ele busca dominar e destruir a criação de Ilúvatar. Uma clara referência da quede de Lúcifer nas escrituras Bíblicas.
  • Sauron: O principal servo de Morgoth, que continua sua obra maligna na Segunda e Terceira Eras.
  • O Um anel: Representa a constante tentação que pesa em seu usuário o desfigurando a medida que o utiliza.

Abaixo, trecho de Silmarilliom sobre a origem do mal: Obs.: Como comparação textual e para seu deleite filosófico, leia o texto Bíblico de Isaias 14:12-15

“Mas, então, Ilúvatar se sentou e escutou, e durante muito tempo lhe pareceu bom, pois na música não havia falhas. Mas, conforme o tema progredia, entrou no coração de Melkor o entretecer de matérias de seu próprio imaginar que não estavam de acordo com o tema de Ilúvatar; pois ele buscava com isso aumentar o poder e a glória da parte designada a si próprio.

A Melkor, entre os Ainur, tinham sido dados os maiores dons de poder e conhecimento, e ele tinha um quinhão de todos os dons de seus irmãos. Ele fora amiúde sozinho aos lugares vazios buscando a Chama Imperecível; pois crescia o desejo ardente, dentro dele, de trazer ao Ser coisas só suas, e lhe parecia que Ilúvatar não tinha em mente o Vazio, e ele estava impaciente por esse Vácuo. Contudo, não achou o Fogo, pois esse está com Ilúvatar.

Mas, ficando só, ele começara a conceber pensamentos só seus, diferentes dos de seus irmãos. Alguns desses pensamentos ele, então, entreteceu em sua música, e de imediato surgiu o desacordo à volta dele, e muitos dos que cantavam a seu lado perderam o ânimo, e seu pensamento foi perturbado, e sua música hesitou; mas alguns começaram a afinar sua música com a dele em vez de com o pensamento que tinham no início.

Então, o desacordo de Melkor se espalhou cada vez mais, e as melodias que tinham sido ouvidas antes afundaram em um mar de som turbulento.” (Fonte: O Silmarillion, p.40. Editora Haper Collins Brasil).

Os Valar e os Maiar leais a Ilúvatar opõem-se a essas forças do mal, buscando proteger a Terra-média e os seus habitantes. Essa luta se manifesta de várias formas:

  • Conflitos diretos: Como as grandes batalhas da Primeira Era contra Morgoth e a Guerra do Anel contra Sauron.
  • Influência e orientação: Os Valar enviam os Istari (como Gandalf) para guiar os povos livres da Terra-média.
  • Preservação da esperança: Mesmo nos momentos mais sombrios, a presença dos Valar e dos Maiar do bem inspira resistência e a crença na possibilidade de vitória.

As Eras da Terra-média: Da Criação aos Dias de O Senhor dos Anéis

Primeira Era: A Primeira Era é dominada pela luta contra Morgoth. Os elfos mais poderosos, os Noldor, rebelam-se e deixam Valinor para buscar as Silmarils, joias criadas por Fëanor, que contêm a luz das Árvores de Valinor. Esta era culmina na Guerra da Ira, quando Morgoth é derrotado pelos Valar.

Segunda Era: A Segunda Era é marcada pela ascensão e queda de Númenor, uma civilização humana inspirada na lenda de Atlântida. Sauron, o principal servo de Morgoth, começa sua ascensão ao poder, enganando os elfos e forjando os Anéis de Poder, incluindo o Um Anel.

Terceira Era: A Terceira Era começa após a queda de Sauron em Númenor, mas ele retorna para reconstruir seu império na Terra-média. Esta é a era de O Senhor dos Anéis o clássico que ficou muito conhecido nos cinemas, onde a Guerra do Anel decide o destino da Terra-média. O confronto final entre Sauron e os povos da terra Média reflete a luta clássica entre o bem e o mal.

Influências Mitológicas: A narrativa das eras remete a tradições épicas, como as “Idades do Homem” na mitologia grega ou as diferentes eras na mitologia hindu. O ciclo de ascensão e queda de civilizações também é inspirado por mitos como a queda de Atlântida.

Os Mitos pela Web

Precisamos caminhar pelo belo e fantástico mundo de quem é referência em Tolkien no Brasil (Não é pouca coisa minha gente), então vamos viajar pelo site Tolkienista.com, criado por Cristina Casagrande, onde você pode encontrar este artigo. Livros do “Legendarium” de Tolkien: por Onde Começar?

Os amigos do canal no youtube Contos de Todoso os Cantos traz uma profundo vislubre das mitologias do no mundo refletidas nas obras de Tolkien. Assista o Vídeo Abaixo:

Pesquisando por aí, encontrei o site nerdizmo que trouxe o relato a seguir. O Youtuber CGP Gray sintetizou os elementos mais importantes dessas histórias em dois vídeos que servem com uma breve introdução para os livros O Hobbit, a trilogia Senhor dos Anéis e O Silmarillion. É preciso ressaltar que nada se compara a mergulhar dentro da narrativa destas obras.

Dica: Use as legendas automáticas para português, que podem ser ativadas no ícone de configurações de cada vídeo.

No primeiro, é narrado o surgimento da Terra Média desde os seres sobrenaturais que deram vida aos magos, homens, elfos, anões e hobbits. Mitos que podem (e devem) ser explorados com mais profundidade no livro O Silmarillion, uma coleção de textos de Tolkien publicados postumamente pelo seu filho.

O segundo compila a origem dos anéis – criados por Sauron para dominar cada uma das raças da Terra Média.

Trocando Ideias

Fique a vontade para deixar sua opinião nos comentários abaixo: Correções, pitacos, caneladas e parabenizaçoes estão liberados!

Apêndice:

  1. SELEPRIN, Maiquel. O MITO NA SOCIEDADE ATUAL. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/FILOSOFIA/Artigos/O_mito_na_sociedade_atual.pdf>. Acesso em: 12 maio. 2025.
  2. CASAGRANDE, Cristina. Livros do “Legendarium” de Tolkien: por Onde Começar?. 2021. Disponível em: <httpss://rockcontent.com/br/blog/marketing-digital/> Acesso em: 12 maio. 2025.
  3. CONTOS DE TODOS OS CANTOS, Universo Mitológico de J. R. R. Tolkien. 2021. Disponível em: <https://contosdetodososcantos.com.br/universo-mitologico-de-tolkien/> Acesso em: 13 maio. 2025.


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